Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Presidente Doutor Miguel Guimarães

O Dia de Portugal de 2024 é um dia especial para todos nós. Em 23 de janeiro de 1524, fez 500 anos em que terá nascido o poeta imortal Luís Vaz de Camões, o que torna este ano de 2024 ainda mais especial e único. ‘Os Lusíadas’, a obra que ‘fundou’ a língua portuguesa há 452 anos, foi publicado em 12 de Março de 1572. Uma obra única e universal, um poema épico, que ultrapassa o tempo, que permanece na nossa memória individual e coletiva, que muitos consideram a certidão de nascimento da língua portuguesa, e se inicia de forma demolidora:

“As armas e os barões assinalados,/ Que da ocidental praia Lusitana,/ Por mares nunca de antes navegados,/ Passaram ainda além da Taprobana,/ Em perigos e guerras esforçados, / Mais do que prometia a força humana, / E entre gente remota edificaram/ Novo reino, que tanto sublimaram.”

Nestes 500 anos de Camões, o dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas merece uma distinção especial, que envolva num abraço infinito todos portugueses estejam onde estiverem. E por isso, em nome da direção da AACDN deixo-vos um pequeno texto que pode servir de âncora e de reflexão neste ano de celebração, neste dia de Portugal e em todos os momentos especiais.

CAMÕES

Luís Vaz de Camões é Portugal.

Na sua universalidade e génio criador, na sua vida aventurosa e desventurada, no seu trágico e glorioso Destino, sim, Camões é Portugal.

Nascido num tempo em que Portugal dava o abraço ao Mundo pelos Oceanos e Terras ignotas, tripulando caravelas e naus, construindo e defendendo fortalezas e comerciando em feitorias, Luís de Camões não foi apenas um filho de Quinhentos.

No seu romantismo, na sua paixão ardente, na sua Obra lírica – para sempre imortalizadora do espírito deste povo “da ocidental praia lusitana” – Camões simboliza, como nenhum outro nosso compatriota, a própria ideia de Portugalidade.

Nascido na baixa nobreza, rendido primeiro aos amores e logo seguindo para combater no Algarve d’além mar e mais tarde no Oriente – onde compõe a notável obra d’Os Lusíadas – o Homero português regressou pobre à pátria, onde morreu também pobre aos 56 anos.

O significado da sua obra literária é extraordinário, quase tanto como a sua sorte, tão ligada ao destino nacional.

É verdade: nascido quando findo o reinado d’O Venturoso, viveu a epopeia marítima portuguesa dos descobrimentos e da conquista, para morrer após a partida d’O Desejado – o “novo temor da Maura lança, Maravilha fatal da nossa idade” –, nos areais quentes e funestos de Alcácer Quibir.

Quis o acaso – ou talvez antes uma crua premonição – que a última palavra da última oitava do último Canto d’Os Lusíadas seja “inveja”, um sentimento de que o Poeta se queixava e que infelizmente é tão humano, tão demasiadamente humano…

A sua grandeza, porém, que saudamos como povo quando se perfazem 500 anos sobre o seu nascimento, perdurará muito além de nós, fundindo-se com o significado da própria Nação Portuguesa.

Viva Camões

Viva Portugal

 

 

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